quinta-feira, 16 de agosto de 2012



CURRÍCULO: CONHECIMENTOS, SABERES E CULTURAS.

        
Cada um de nós vê o mundo com os olhos que tem,
e os olhos vêem o que querem, 
os olhos fazem a diversidade do mundo 
e fabricam as maravilhas,
ainda que sejam de pedra, e altas proas,
ainda que sejam de ilusão ...
José Saramago

      É consenso entre os professores que os estudantes ao ingressarem na escola são detentores de conhecimentos prévios, adquiridos na família, nos clubes, nas igrejas e nos mais diversos grupos sociais a que são submetidos desde a mais tenra idade e a partir desses conhecimentos possuem suas próprias concepções de mundo.  Esses conhecimentos geralmente não são valorizados no âmbito escolar. A escola é uma instituição inserida na sociedade que possui rituais e rotinas pré-estabelecidos que “devem” ser seguidos de forma sistemática e rigorosa. Ao ignorar tais conhecimentos, ou deixar de pensar e construir democraticamente formas de abordar e avaliar esses conhecimentos de forma igualitária e integrada a escola contribui para manter a histórica hegemonia de alguns conhecimentos mais aceitos socialmente em detrimento de outros considerados saberes populares, reforçando as desigualdade sociais e desconsiderando a diversidade cultural existente no país.
         É imprescindível que a escola enquanto instituição privilegiada de construção e socialização de conhecimentos adquira a consciência coletiva da sua importância na promoção das discussões acerca da organização curricular, compreendendo a relevância do currículo na formação pessoal e social dos estudantes.  Os conhecimentos produzidos na escola possuem características únicas que os diferenciam dos demais conhecimentos produzidos fora do espaço escolar, ainda assim, para que eles adquiram significado e contribuam para a formação cidadã, devem ser trabalhados de forma contextualizada, na perspectiva de que qualquer conhecimentos possam ser discutidos, criticados e resinificados.
          O conhecimento escolar compreende a socialização do conhecimento cientifico produzido pela humanidade, essa deve ser à base da organização curricular. No entanto a busca da qualidade educativa pressupõe seleção criteriosa de conhecimentos relevantes que contemplem o dialogo entre os saberes escolares e os saberes ditos populares, sem privilégio e uma ou de cultura.  Esse diálogo deve proporcionar aos estudantes, a partir do seu conhecimento prévio e cotidiano, das suas experiências de vida e concepções de mundo, conhecer outros modos de ser e de viver, levando-os a reconhecer-se, questionar e questionar-se, mudar e propor mudanças, ampliando conhecimentos e visão de mundo, sendo capaz de tornar-se agente de transformações pessoais e sociais. Buscando através do conhecimento a superação dos preconceitos, da intolerância, das verdades absolutas, da divisão de classes sejam elas quais forem.
        A Educação Integral tem importante papel na construção de um currículo integrado, no sentido de articular os diferentes saberes na produção de conhecimento para a verdadeira “ação” social.  Essa visão exige uma nova postura tanto da instituição escola, como em particular do professor, na predisposição para a reflexão sobre o papel social da escola, na relação escola e sociedade, na construção de um projeto de escola  com base democrática, a criação de novas estratégias de abordagem centradas no dialogo, na inclusão de práticas escolares que incluam além da socialização do conhecimento cientifico, o desenvolvimento de habilidades, valores de forma articulada na perspectiva de uma formação humana na sua essência. Guará 2006 perspectivas humanística da Educação


ARROYO, Miguel G. Currículo, Conhecimento e Cultura. In: Indagações sobre currículo. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2008.

BRASIL. Educação Integral: Texto referência para o debate nacional. Brasília: MEC, Secad, 2009.

YUS, Rafael. Uma paradigma holístico para a educação. Revista Pátio, Porto Alegre, n. 51, p.20-22, ago. 2009.

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